quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Resident Evil 5 é alvo de críticas sobre racismo

Resident Evil 5 (X360, PS3) já está dando polêmica antes mesmo de ser lançado, e dessa vez o site Village Voice abre a discussão sobre o racismo não-tão implícito no videogame.

A problemática é dada pelo fato do protagonista branco, Chris Redfield, estar matando inimigos, que são aparentemente negros em sua totalidade. “É como se a própria [cor] fosse uma doença”, comenta a matéria original. “A idéia de zumbis é baseada na contaminação. Sendo mordido por um zumbi, ou uma mera gota de sangue dos mortos-vivos transforma-o em um deles. Soa familiar? Sim, estamos falando da [pandemia] de HIV/AIDS que matou 15 milhões de africanos, infectando outros 25 milhões no continente”.

O blog Microscopiq, em uma matéria muito interessante citando que desde o clássico de David Wark Griffith O Nascimento de Uma Nação até Falcão Negro em Perigo, negros foram tratados como pessoas más, irresponsáveis. O post diz que “precisamos arranjar um jeito de humanizar os africanos, não coisificá-los”.

Um terceiro blog, Black Looks, levanta um fortíssimo argumento: “isso é problemático em muitos níveis, incluindo a representação negra como selvagens desumanos, o extermínio de negros por um homem branco com vestimentas militares, e o fato de que o jogo será vendido para crianças e jovens adultos. E jovens assim, já começam a temer, odiar e destruir os negros”.

O excelente ensaio Estereótipo, Realismo e Representação Racial, do teórico de cinema Robert Stam e Ella Shohat confirma que quanto menos um grupo é representado, mais susceptível ele é a estereótipos:

“Marca do Plural projeta os povos colonizados como se fossem ‘todos a mesma coisa’, qualquer comportamento negativo por qualquer membro da comunidade é instantaneamente generalizado como típico, apontando para um perpétuo retorno na direção de uma essência presumidamente negativa. Logo, as representações se tornam alegóricas; dentro de um discurso hegemônico todo o artista/papel subalterno é visto como uma sinédoque de uma comunidade ampla mas putativamente homogênea. Representações de grupos dominantes, por outro lado, são vistas não como alegóricas mas como naturalmente diversas, exemplos de uma variedade não generalizada da própria vida”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário